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Por uma agricultura de baixo carbono economicamente inclusiva na Amazônia

Novo estudo da Solidaridad Brasil revela dados inéditos sobre a viabilidade econômica de cenários de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) em lotes de pequenos e pequenas produtores rurais no Pará

De forma inédita, novo estudo da Solidaridad Brasil, intitulado “Agricultura de baixo carbono na Amazônia: viabilidade econômica dos cenários de emissões de GEE na produção agrícola familiar” mostra que o modelo de agropecuária de baixo carbono implementado no bioma se mostra socioeconomicamente inclusivo, levando incremento de renda e melhoria de vida para as famílias produtoras de cacau e pecuária de Novo Repartimento, no Pará.

Diante da relevância do estudo “Agricultura de baixo carbono na Amazônia: Cenários e oportunidades no balanço de emissões de GEE na produção agrícola familiar”, publicado em 2018 e relançado em 2020, a Solidaridad Brasil incorporou uma análise de viabilidade econômica na transição para uma agropecuária de baixo carbono. Também no âmbito do projeto Territórios Inclusivos e Sustentáveis na Amazônia, o presente estudo analisou dados dos produtores do assentamento Tuerê, em Novo Repartimento, para averiguar a viabilidade econômica em diferentes cenários.

Entre os cenários pesquisados, o estudo revela que aquele que contou com a assistência técnica da Solidaridad Brasil para melhorar práticas de manejo da pecuária e da produção de cacau apresentou uma rentabilidade maior. Além disso,  garantiu o aumento da diversidade dos sistemas agroflorestais, a produção sem desmatamento e a mitigação das emissões de carbono.

O estudo foi lançado por meio de um evento virtual, realizado no dia 9 de março. Participaram da apresentação o Diretor de País da Solidaridad Brasil, Rodrigo Castro; a Gerente de Agricultura e Conservação, Joyce Brandão, e o Coordenador do Programa de Cacau e Pecuária, Paulo Lima. Para participar do debate, estiveram presentes a Doutora em Economia e Pesquisadora pelo Núcleo de Economia Agrícola e Ambiental pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Carolina Bueno; a Coordenadora da Frente de Fortalecimento da Cadeia do Cacau no Programa de Desenvolvimento Territorial do Sul da Bahia do Instituto Arapyaú, Grazielle Cardoso, e o Diretor Executivo da Estratégia Produzir, Conservar, Incluir do Estado do Mato Grosso, Fernando Sampaio.

Ao apresentar o estudo, Paulo Lima considera que os resultados abrem novas possibilidades para a agricultura familiar, garantindo o sequestro de CO2 e alta rentabilidade econômica.

A agricultura familiar é parte importante da resolução da mitigação das mudanças climáticas. Os resultados contribuem para a disseminação de uma nova perspectiva, que busca posicionar as famílias produtoras como parte da solução e oferecer a elas a oportunidade de transição para uma agricultura de baixo carbono e de uso eficiente da terra na Amazônia. Além disso, também precisamos oferecer oportunidades de mudanças para as famílias; que possamos empoderá-las com conhecimento técnico para que possam transformar a atividade delas”, disse.

Com este estudo, a Solidaridad Brasil reafirma o seu compromisso em contribuir para a redução das emissões de GEE e promover a inclusão socioeconômica de produtor@s rurais. Foto: Diego Rinaldi/Solidaridad Brasil

INEDITISMO

Carolina Bueno ressaltou a importância do estudo como uma fonte para a cadeia agrícola. “A literatura científica tem pouquíssimos estudos que trazem análise de viabilidade econômica para o sistema SAF. Assim, a iniciativa da Solidaridad Brasil em juntar viabilidade econômica com cenário de emissões é inédita e muito importante”, disse. Para Fernando Sampaio, outra contribuição da publicação é desmistificar a ideia de que a economia de baixo carbono não pode aumentar a produtividade dos produtores rurais.

Quando falamos de economia de baixo carbono, tem muita gente que enxerga isso quase como uma ‘condenação à pobreza’. Esse estudo ajuda a desmistificar isso. Você pode, sim, ter aumento de renda e melhoria na economia através de uma economia de baixo carbono. Isso é extremamente relevante para o contexto da Amazônia”, comentou.

As famílias beneficiárias têm percebido melhoria na produtividade, rendimentos e qualidade de vida. Foto: Diego Rinaldi/Solidaridad Brasil

Segundo Grazielle Cardoso, a abordagem dessa discussão pelo viés da agricultura familiar é inédita. “Já discutimos muito em relação à agricultura tradicional, ao agronegócio, mas para agricultura familiar é uma inovação”, disse. Já Rodrigo Castro enfatizou o principal objetivo da Solidaridad Brasil: contribuir para cadeias produtivas mais sustentáveis, inclusivas e economicamente viáveis. De acordo com ele, a agricultura é um dos vetores capazes de impactar as mudanças climáticas e que a Organização deve colaborar para práticas de baixo carbono com maior eficiência climática e aumento de renda para as famílias produtoras.

GANHO EM ESCALA

A proposta do estudo é que o modelo gere impacto de forma escalável, fazendo com que a metodologia piloto de arranjo produtivo seja replicável. Para Paulo Lima, isso se torna mais fácil quando os produtores familiares conseguem observar resultados econômicos positivos.

A disseminação se torna autônoma quando os outros produtores – que não estão participando e não estão adotando essas práticas – veem os produtores que adotam melhorarem sua produtividade e renda. Eles veem que os produtores estão acessando mercados diferenciados e que remuneram mais, muitas vezes por adotarem essas práticas. E, assim, passam a se interessar em adotá-las. Uma vez que a ideia é lançada e ela tem resultados práticos e econômicos para os produtores, ela se dissemina”, afirmou.

Beneficiári@s do projeto recebem orientações para práticas sustentáveis e mais rentáveis. Foto: Diego Rinaldi/Solidaridad Brasil

Desde 2015, a Solidaridad Brasil desenvolve um modelo de agropecuária de baixo carbono no bioma amazônico que busca rentabilidade e sustentabilidade para as famílias produtoras. O projeto Territórios Inclusivos e Sustentáveis na Amazônia trabalha com o manejo produtivo, gestão financeira, negócios e governança ambiental para os pequenos produtores e produtoras de cacau e intensificação da sustentabilidade na pecuária de cria. Em seus mais de cinco anos de atividade, vem contribuindo com a assistência técnica de 230 famílias produtoras, incremento de 56% na renda bruta média dessas famílias e quase 12 mil hectares manejados a partir de  boas práticas de produção com baixa emissão de carbono.

Assista ao lançamento: