Algodão, Notícia

Nova tecnologia no combate às pragas do algodão

Com o uso da técnica de UBV, por meio de drones e aplicador manual, testes promovidos pelo projeto Tecendo Valor eliminam o bicudo e garantem a produtividade de pequenas e pequenos cotonicultores de Minas Gerais

O clima seco e a proliferação do bicudo-do-algodoeiro tornam a produção familiar de algodão no semiárido brasileiro um grande desafio. Para combater o inseto e assegurar a produtividade de pequenas e pequenos agricultores do Norte de Minas Gerais, a Solidaridad Brasil se uniu à Cooperativa dos Produtores Rurais de Catuti (Coopercat) e à Associação Mineira dos Produtores de Algodão (AMIPA) para realizar testes com a tecnologia de Ultra Baixo Volume (UBV) na aplicação de inseticidas por meio de dois equipamentos: drones e o aparelho portátil Ultra Low Volume Applicator (ULVA+). O resultado foi promissor: uma única aplicação eliminou todos os insetos.

Realizada no final de 2020, a ação aconteceu no contexto do projeto Tecendo Valor, que estimula a produção sustentável de algodão em Minas Gerais desde 2016 e conta com apoio da Laudes Foundation. Ela foi fruto do apoio da Solidaridad Europa – por meio de fundo interno para inovação, o Innovation Facility Fund – em que Brasil e China propuseram o uso do drone para pulverização de pesticidas nos dois países com maior peso da agricultura familiar na cotonicultura. A técnica ainda traz baixa exposição aos agricultores, evitando riscos à saúde, e é menos nociva ao meio ambiente, já que reduz em 70% o uso da substância química.

O uso de drones para o controle do bicudo garante a produtividade a cotonicultores e cotonicultoras do Norte de Minas. Foto: Divulgação/Prefeitura de Mato Verde

A principal diferença do uso da tecnologia de UBV é a capacidade de produzir partículas muito finas e que são ideais para o controle dos insetos, atingindo uma taxa de mortalidade de 100% em uma única aplicação. Além disso, ela otimiza tempo: com o uso do drone, são apenas oito minutos para a pulverização de uma área de 1 hectare, e com o aplicador manual, leva-se uma hora. A aplicação tradicional, feita com uma bomba costal, pode demorar até oito horas. Desde 2017 apoiados pelo projeto, os agricultores José Alves de Souza, o Zé Brasil, e José Rodrigues de Souza, o Zezão, comentaram que a iniciativa tem eliminado os danos causados nas lavouras.

Após o êxito do teste, a Coopercat adquiriu equipamentos de aplicação manual para que os produtores pudessem seguir com a implementação da tecnologia de UBV nas plantações. No caso do drone, custos e capacidade técnica ainda são um desafio para que ele possa ser utilizado na região. Para o Gerente Técnico e Comercial da Coopercat, José Tibúrcio Carvalho Filho, o projeto trouxe uma alternativa para uma demanda bastante necessária para a agricultura familiar regional.

No ano passado, perdemos quase dois milhões de reais apenas com o ataque do bicudo. O problema é muito sério, e os métodos tradicionais não estavam dando conta de controlá-lo. Os testes com as novas tecnologias de pulverização foram fantásticos, pois atenderam tanto à produção de algodão, com a eliminação do bicudo, quanto a outros setores como a pecuária, com a eliminação de cigarrinhas e lagartas nas pastagens. Além disso, o projeto viabiliza o acesso dos produtores da agricultura familiar a essas tecnologias”, afirmou.

Devido à tecnologia de UBV, o controle de pragas feito pelos agricultores tem 100% de efetividade. Foto: Divulgação/Anáhata Inovações Agronômicas

Pelo fato de o bicudo ser uma praga muito prejudicial à produção e com inúmeras particularidades para seu combate, dar a devida assistência técnica aos agricultores é uma das premissas da Solidaridad Brasil. Responsável pela aplicação das tecnologias no campo, a fundadora da Anáhata Inovações Agronômicas, Regina Hakvoort, acredita que a ação proporcionou o conhecimento adequado no combate ao bicudo.

Conseguimos mostrar a maneira correta de utilizar o inseticida e seus detalhes técnicos, que são importantes. Além disso, conseguimos levar a informação completa e desmistificar algumas crenças em relação ao bicudo, pois os produtores achavam que ele dava só em janeiro”, contou.

SOBRE O PROJETO TECENDO VALOR

Com apoio financeiro da Laudes Foundation e técnico da Coopercat e AMIPA, o projeto Tecendo Valor vem desde 2016 apoiando a produção de algodão sustentável por meio de boas práticas agrícolas e o fortalecimento das cooperativas locais na região Norte de Minas Gerais. Nesses cinco anos, o projeto já contemplou mais de 500 produtores e produtoras.

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