Notícia, Soja

É preciso garantir a demanda global de produtos sem desmatamento

Iniciativa engaja empresas globais e chinesas para ampliar a procura por soja e carne do Brasil oriundas de um sistema produtivo de baixo carbono

Como garantir que o mercado atue ativamente na demanda e apoio na produção de commodities sem desmatamento? Nesse sentido, a estratégia Conexão Brasil-China-EUA: mobilizando mercado e investidores e alavancando a produção de baixo carbono engaja o mercado chinês e investidores internacionais para influenciar o modus operandi de empresas de commodities agropecuárias com atuação global. A proposta é ampliar a demanda por soja e carne brasileiras produzidas sob práticas sustentáveis e que não se exponham ao risco de estarem associadas à conversão de vegetação nativa.

Solidaridad Brasil trabalha em conjunto com a Solidaridad China no engajamento de atores para que a demanda de carne e soja seja proveniente de práticas legais, inclusivas e de baixo carbono. Em 2019, a organização esteve em Pequim durante consulta sobre o Guia Chinês para Produção de Soja Sustentável. O encontro, que contou com a participação de mais de 40 stakeholders, deu início à construção das diretrizes chinesas para a sustentabilidade na produção e comercialização de soja, com critérios mínimos para a importação. A primeira versão do documento que reúne as principais instruções — cofinanciado pela The Nature Conservancy (TNC), no âmbito do CFA — foi finalizada em 2019. O material ainda passará por ajustes, mas sua intenção é contribuir para a escalabilidade da importação da soja brasileira cultivada sob práticas de baixo carbono e sem conversão de vegetação nativa.

Grande exportador de commodities brasileiras, o mercado chinês exercerá grande papel para frear a conversão de áreas na Amazônia e no Cerrado. Foto: Divulgação

O evento na capital chinesa reuniu representantes de governos, indústria, instituições financeiras e academia. Em 2018, 74% das importações de soja da China vieram do Brasil. De acordo com a Gerente de Agricultura e Conservação da Solidaridad Brasil, Joyce Brandão, que representou a organização no encontro, “o Brasil precisa continuar trabalhando para aumentar a eficiência no uso da terra e da água para mitigar os efeitos das mudanças climáticas e manter sua biodiversidade”, destacou.

ESTADOS UNIDOS

Nos Estados Unidos, a Solidaridad apoia a Ceres para se aproximar de grandes empresas, influenciadores de mercado e investidores internacionais, cujos negócios estão atrelados à comercialização de commodities, como soja e carne. A Ceres trabalha há mais de 30 anos para criar liderança e impulsionar soluções sustentáveis na economia. Por meio de um trabalho de advocacy, instrumentaliza líderes com pesquisas científicas e ferramentas de inovação sobre riscos e oportunidades frente a grandes desafios globais da sustentabilidade: mudanças climáticas, escassez de água e poluição.

Ao longo de 2019, a organização identificou empresas de commodities com atuação global e iniciou um trabalho de engajamento por meio de seus investidores. O objetivo é fornecer suporte técnico para as companhias, para que aprimorem suas políticas de compra com a adoção de compromissos, como o desmatamento zero, e que passem a aprimorar seu progresso frente a indicadores de sustentabilidade para produtos como carne e soja. Para isso, a Ceres promoveu diálogos sobre a importância da criação de diretrizes que garantam a aquisição de produtos cultivados em áreas não desmatadas e sobre os riscos de imagem, reputação e financeiros que correm ao não monitorar suas cadeias de fornecimento.

Os impactos das más práticas agropecuárias na Amazônia vêm inibindo a ação de investidores internacionais de grandes empresas das cadeias produtivas. Foto: Vinícius Mendonça/Ibama

«Os investidores entendem cada vez mais que o desmatamento não apenas cria riscos financeiros significativos, incluindo os de ordem regulatória e reputacional para as empresas, mas também agrava o risco sistêmico no portfólio de investimentos ao contribuir para as mudanças climáticas. E quando os investidores manifestam preocupação, as empresas são impulsionadas a tratar do tema. Investidores engajados terão um papel crucial para eliminar o desmatamento causado pela produção de commodities», observa a Diretora do Programa de Alimentos e Florestas da Ceres, Julie Nash.

Esta aproximação com investidores e empresas segue ao longo de 2020, no intuito de garantir que líderes corporativos alavanquem estratégias e progresso na implementação dos compromissos assumidos, reposicionando o setor na sua relação com consumidores, clientes, fornecedores, colaboradores e com a sociedade. “A partir desse trabalho de engajamento realizado pela Ceres, empresas comprometidas com o não desmatamento tornam-se parceiras importantes não só da nossa estratégia, mas de todas as iniciativas que nos levarão a uma produção agropecuária que respeita o planeta”, diz a Gerente de Agricultura e Conservação da Solidaridad Brasil, Joyce Brandão.

A estratégia Conexão Brasil-China-EUA: mobilizando mercado e investidores e alavancando a produção de baixo carbono é financiada pela Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento (Norad), por meio da Iniciativa Internacional Norueguesa de Clima e Florestas (NICFI).

GLOBAL DEMAND FOR PRODUCTS WITHOUT TIES TO DEFORESTATION MUST BE GUARANTEED

Initiative engages global and Chinese companies to increase demand for soybeans and meat in Brazil that come from a low-carbon production system

How do you ensure that the market behaves actively in demand and supports the production of commodities without deforestation? In this sense, the Brazil-China-USA Connection: mobilizing the market and investors and leveraging low-carbon production strategy engages the Chinese market and international investors to influence the modus operandi of agricultural commodity companies with global operations. The proposal is to increase the demand for Brazilian soybeans and meat produced under sustainable practices that are not exposed to the risk of being associated with the conversion of native vegetation.

Solidaridad Brazil works together with Solidaridad China to engage actors so that the demand for meat and soy comes from legal, inclusive, and low-carbon practices. In 2019, the organization was in Beijing for consultation on the Chinese Guide to Sustainable Soy Production. The meeting, which was attended by more than 40 stakeholders, initiated the construction of Chinese guidelines for sustainability in the production and commercialization of soybeans, with minimum criteria for imports. The first version of the document that brings the main instructions together – co-financed by The Nature Conservancy (TNC), under the CFA – was completed in 2019. The material will still undergo adjustments, but it intends to contribute to the scalability of the import of Brazilian soy grown under low carbon practices and without conversion of native vegetation.

A major exporter of Brazilian commodities, the Chinese market will play a major role in stopping the conversion of areas in the Amazon and the Cerrado. Photo: Solidaridad Brazil

The event in the Chinese capital gathered representatives from governments, industry, financial institutions, and academia. In 2018, 74% of China’s soy imports came from Brazil. According to the Agriculture and Conservation Manager at Solidaridad Brazil, Joyce Brandão, who represented the organization at the meeting, “Brazil needs to continue working to increase efficiency in the use of land and water to mitigate the effects of climate change and maintain its biodiversity.”

UNITED STATES

In the United States, Solidaridad supports Ceres to approach large companies, market influencers, and international investors, whose businesses are linked to the commercialization of commodities, such as soy and meat. Ceres has been working to create leadership and drive sustainable solutions in the economy for over 30 years. Advocacy work equips leaders with scientific research and innovation tools on risks and opportunities in the face of major global sustainability challenges: climate change, water scarcity, and pollution.

Throughout 2019, the organization identified commodity companies with global operations and began to engage with their investors. The objective was to provide technical support to companies so that they can improve their purchasing policies by adopting commitments, such as zero deforestation, and that they can improve their progress concerning sustainability indicators for products such as meat and soy. To accomplish that, Ceres held talks on the importance of creating guidelines that guarantee the purchase of products grown in non-deforested areas and on the image, reputation, and financial risks they run by not monitoring their supply chains.

The impacts that poor agricultural practices have on the Amazon have been inhibiting international investors from large companies from being active in the production chains. Photo: Vinícius Mendonça/Ibama

“Investors understand more and more that deforestation creates not only significant financial risks, even regulatory and reputational risks for companies, but also increases systemic risk in their investment portfolio by contributing to climate change. And when investors express concern, companies are driven to address the issue. Engaged investors will have a crucial role in eliminating deforestation caused by commodity production,” remarked the Director of the Ceres Food and Forestry Program, Julie Nash.

This approach with investors and companies has continued throughout 2020, in order to ensure that corporate leaders leverage strategies and progress in implementing their assumed commitments, repositioning the sector in its relationship with consumers, customers, suppliers, employees, and society. “From this engagement work carried out by Ceres, companies committed to non-deforestation become important partners not only in our strategy but in all the initiatives that will lead us to agricultural production that respects the planet,” said the Manager of Agriculture and Conservation of Solidaridad Brazil, Joyce Brandão.

The Brazil-China-USA Connection: mobilizing the market and investors and leveraging low-carbon production strategy is funded by the Norwegian Agency for Development Cooperation (Norad), through Norway’s International Climate and Forest Initiative (NICFI).

Informação de contato

Rodrigo Castro